sexta-feira, 15 de outubro de 2010

- Alô
- Ei
- Cara, são 2h15 da manhã, aconteceu alguma coisa?
- Sim
- O que houve?
- Eu estou um pouco bêbado e preciso de você.
- Porra, que merda, você me deu um susto. Tchau, tenha uma boa noite.
- Espera. Eu só quero que você saiba que tem um frasco de comprimidos na mesinha de centro a poucos centimetros de mim e, se você desligar esse telefone, eu juro que tomo uns vinte agora mesmo. Eu te conheço e sei que não conseguiria viver com essa culpa.
- Eu tô cansada dos seus dramas, fala logo o que você quer.
- A gente nunca sabe o que quer, só o que não quer. Eu não quero isso aqui. Por favor, volta.
- Nós já tivemos essa conversa, eu não vou voltar.
- Não dá pra viver sem você aqui, todo dia eu morro um pouco mais. Por favor.
- Você é fraco. Isso não é amor, é dependência.
- Onde você aprendeu a ser tão perversa? Eu confesso que não conhecia esse teu lado.
- Você nunca me conheceu de verdade. Agora, por favor, eu preciso dormir, trabalho amanhã cedo.
- Puta que pariu, eu tô com tanto ódio que queria bater em você agora. Eu te amo demais e isso me faz um mal danado.
- Eu sinto muito, de verdade, mas agora eu vou desligar.
- Eu falei sério sobre os comprimidos.
- Faça o que quiser, boa noite.

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